Apocalipse chega ao Rio Grande do Sul!
Os efeitos das mudanças climáticas se manifestaram com evidência catastrófica no Rio Grande do Sul em maio de 2024. Uma massa de ar quente bloqueou outra massa de ar frio, que estacionou sobre o RS e despejou em dias sucessivos, mais de 800mm de água.
Minha cidade natal, Muçum, com 4,6 mil habitantes, enfrentou em menos de um ano, 4 tragédias de proporções assustadoras: 24/08/2023 – Granizo que destelhou 1000 casas; 05/09/2023 – Enchente – 20/11/2023 – Enchente; 02/05/2024 – Enchente. As enchentes cobriram 90% da área urbana, estabelecendo novos recordes.
No vale do Rio Taquari, a cidade de Lajeado presenciou a cota de 33 m de elevação. Pontes arrastadas, deslizamentos de encostas, rompimento de barragens e rodovias desmoronando, demonstram um cenário de guerra, onde a população desarmada, se sente incapaz diante da fúria das águas.
Em todo estado do RS, mais de 300 das 497 cidades foram afetadas. As chuvas que caíram nos afluentes do Rio Guaíba, levaram a cota histórica de elevação de 5,3m, superando a anterior de 1941, que havia sido 4,73m, inundando Porto Alegre e cidades da região metropolitana.
Os números serão colossais: + de 100 mortos, + de 100 mil desabrigados, + de 10 milhões de gaúchos atingidos, e entre 100 bilhões e 1 trilhão de reais os gastos com a reconstrução do estado, que levará uns 10 anos para se reerguer. Isto, se a natureza deixar.
Já há mais de 200 pontos de rodovias interrompidos, isolando municípios. Perdas nas cadeias produtivas e nas lavouras impactarão na escassez de alimentos e no processo inflacionário. Ainda estão no campo 30 a 40% da colheita da soja e não se sabe a qualidade do grão, após tanta umidade. O RS, sozinho, produz 2/3 do arroz consumido no Brasil.
Nesta ocasião, o impacto nas cidades foi maior, onde reside 90% da população, exigindo análise do planejamento urbano neste novo normal. Entretanto, é bom lembrar que as cidades são parasitas do campo, dependendo dos sistemas produtivos alinhados para ter seu suprimento de alimentos. Com os distúrbios nos ciclos hidrológicos, provocado pela elevação da temperatura média do planeta, superando 1,5ºc em relação a era pré-industrial, nem as seguradoras querem assumir riscos da produção, dada a recorrência de secas ou inundações extremas.
Há muito a ser feito. Boa iniciativa é a plataforma adapta Brasil, onde se evidencia 1942 dos 5.568 municípios em situação de risco emergencial. O Brasil criou o Fundo Clima com mais de 15 bilhões. Porém, não serão suficientes para suprir as necessidades do passivo ambiental que a sociedade está recebendo. Sugere-se ações coordenadas de Mitigação, Adaptação, e gerenciamento de Riscos e Emergência, que pode ser resumida no acrônimo MARE.
Acrescenta-se que em 2025, ocorre no Brasil a conferência das partes – COP 30 e temos por obrigação, liderar ações ambientais no planeta. Isto não será possível, somente com palavras, mas com atitudes concretas que demonstrem a certeza dos compromissos assumidos. Não bastarão alertas, apitos ou lanternas de celulares para salvar vidas em telhados.
Que Deus nos proteja com Jesus “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele ”(Apocalipse 1:7). “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mateus 24:30).
Salve o Rio Grande, pois a cor da inundação não é azul (Grêmio), nem vermelha (Internacional), mas traz o marrom tingido pelas partículas de solo erodidas, com as lágrimas da dor da Terra.