Desafios do Empreendedorismo Jovem: Resiliência e Empatia Corporativa

Hoje eu gostaria de falar sobre os desafios do empreendedorismo jovem. Apesar de termos muitas condições favoráveis ao fortalecimento desse empreendedorismo, no que diz respeito às competências comportamentais, eu sinto que muitos empreendedores ainda não estão prontos. Aí nesse sentido eu realmente acho que em muitos casos, o empreendedorismo jovem é sim um empreendedorismo precoce. 

Ser empreendedor não é nada fácil, e no Brasil então, é muito mais difícil! Nesse contexto, ser um jovem empreendedor é muito desafiador. Quando a gente empreende saímos do que é mais tradicional na economia e no mundo corporativo, que é você estudar, escolher a área que quer construir sua carreira, entrar e trabalhar em uma empresa e receber por isso. E isso engloba receber a remuneração e o conhecimento, direcionamento. Normalmente se tem um gestor e o mesmo vai te desenvolvendo no decorrer da sua carreira, quando você é um colaborador de uma empresa, principalmente se esta for uma empresa que tenha boa saúde financeira, que permita seu crescimento profissional e um bom gestor que vá poder te direcionar e te desenvolver. 

Quando empreendemos, saímos dessa estrada mais pavimentada, e precisamos pavimentá-la pedacinho por pedacinho. Quando somos empreendedores acabamos nos tornando muito solitários. Se eu estou no início da carreira ou se já iniciei minha vida produtiva como empreendedor, não ter essa pessoa ou estrutura que vai me direcionar, muitas vezes faz com que o empreendedor jovem “bata a cabeça” errando e acertando. Vivemos em uma sociedade julgadora, onde pessoas são canceladas, onde a imagem que o outro tem de mim é muito importante. Para essa galera das gerações Y e Z esse cenário desencadeia em fragilidade emocional, na baixa inteligência emocional. 

Logo, se você é um jovem empreendedor, ou se você conhece empreendedores jovens, eu gostaria que compartilhasse essas discussões sobre as principais competências comportamentais dos empreendedores nos tempos atuais. Vamos falar de META-COMPETÊNCIAS, que são Competências formadas por outras competências. Ou seja, um comportamento forjado a partir de outros comportamentos. Um hábito construído a partir de outros hábitos.

A primeira meta-competência comportamental é a RESILIÊNCIA. O conceito veio da física, e é a propriedade que os materiais têm de suportar uma pressão e voltar ao estado natural, mesmo sofrendo essa pressão. Pessoas resilientes são aquelas que conseguem suportar a pressão e voltar ao estado normal, mantendo-se focadas nos resultados. Só que hoje quando falamos em resiliência, falamos não só sobre a capacidade de suportar essa pressão, mas também sobre a capacidade de gerir mudanças, a capacidade de aprender com as dificuldades e com os desafios. Isso faz com que você se sinta cada vez mais confiante para a liderança de pessoas e processos, fortalecendo a tomada de decisão.

A segunda meta-competência é a da EMPATIA CORPORATIVA. Diferente da empatia social, que é aquela em que nos compadecemos do sofrimento dos outros e buscamos ajudar essas pessoas, a empatia corporativa tem como objetivo você fazer esse processo para se posicionar melhor nas situações, ao ter o ponto de vista do outro, tentar compreender o outro seja nas suas dores ou nas suas demandas. Ela vem da sua capacidade de escuta ativa, de você entender realmente o que a pessoa está dizendo, o que ela precisa e de que forma ela pode contribuir nos resultados do seu negócio. Envolve também uma comunicação assertiva, que tem o foco no resultado, mas tem que tomar cuidado pois muitas vezes a comunicação assertiva se torna agressiva, e você acaba gerando muitos conflitos. Por isso eu acrescento o que precisa ser uma comunicação não-violenta e assertiva, o que pode parecer contraditório, mas não é. Você pode estar focado no resultado, em resolver aquela demanda, em ser objetivo, e ainda assim escutar e não permitir que o outro fale, não agindo como se só sua opinião fosse importante.

A empatia corporativa para jovens cuja principal característica é justamente o individualismo da geração a qual eles pertencem é extremamente difícil então a minha dica para os jovens empreendedores é que eles invistam no desenvolvimento dessas duas meta-competências: a resiliência e a empatia corporativa. 

Não tem segredo, nem fórmula mágica, é lógico que você pode estudar mais sobre isso, mas é muito mais importante você observar seus próprios comportamentos e praticar o que for favorável para o desenvolvimento dessas meta-competências. 

O desenvolvimento das competências comportamentais não acontecem de um dia para o outro, por isso é importante que os empreendedores, jovens ou não, desenvolvam suas competências comportamentais.