Há uma Ana Paula no meio do caminho, no meio do caminho há uma Ana Paula

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Parafraseando Drummond, no meio do caminho do prefeito Rogério Cruz pode haver uma pedra, mas não qualquer uma. Indícios da “geologia política” apontam que a pedra Ana Paula Rezende está mais para um rochedo.

Perdoem-me pelo trocadilho, mas este é um possível e incipiente enredo que merece toda a nossa atenção. Afinal, como já disse em tom mais descontraído, pode estar nascendo um paredão para a disputa pelo Paço Municipal em 2024.

Mas quem é Ana Paula Rezende? Para os menos conhecedores dos bastidores da política, resumo-me a dizer que Ana Paula é uma entre os três filhos do ex-prefeito de Goiânia e ex-governador por Goiás, Iris Rezende Machado. Nos derradeiros anos de vida política de seu pai, a provável sucessora atuou como uma fiel escudeira do líder, quer seja nas campanhas, quer seja no acompanhamento dedicado do exercício do último mandato de Iris como prefeito de Goiânia (2017-2020).

Não é preciso ser uma arguta analista política para visualizar a força que o saudoso Iris Rezende tinha e, quem sabe ainda tem, em Goiás, mas, sobretudo, em Goiânia, cidade cuja história se confunde com a trajetória do político. Em todos os seus mantados em outros níveis da federação, havia dele uma destacada atenção com a capital do estado. Seu perfil arrojado, obreiro, com bastante apelo social e sua liderança carismática constituíram-no como um ator absolutamente relevante e definidor da política local.

Iris Rezende faleceu em 2021, vítima de complicações de um AVC. À época, muito se debatia sobre quem poderia substituir a figura icônica do político ou mesmo quem poderia dar sequência ao seu legado. Do ponto de vista partidário, 2021 foi cruel para o MDB, pois foi um ano de despedida de outra grande figura de proa da política e do partido, Maguito Vilela, morto meses antes do próprio Iris. Nesta senda, pipocavam especulações também sobre os rumos da sigla, órfã de suas duas maiores referências tradicionais.

Abria-se dali um caminho de reconstrução mdbista, outrossim, em paralelo, uma disputa pela posição de legatária(o) oficial de Iris. No entanto, sem que desse tempo para que qualquer eventual “disputa” chegasse a altas temperaturas, a própria militância goianiense do MDB selou sua escolha. Seria Ana Paula Rezende, de herdeira biológica à herdeira política.

Atualmente, não há uma roda de conversa pelos bastidores da política em Goiânia que ignore o nome de Ana Paula como uma potencial candidata à prefeitura em 2024. O MDB, partido de seu pai e também o seu, tem inegável força na capital. Elegeu o candidato na disputa de 2020, na de 2016 e em 2008, para citar exemplos mais recentes. Por óbvio, uma máquina eleitoral como esta não seria tão facilmente dissuadida a virar as costas para a disputa do ano que vem. Tudo tem indicado que não virará.

Pois bem, com a administração aos frangalhos, com dificuldade política junto à Câmara de vereadores, com a aprovação junto à opinião pública beirando o solo, o prefeito Rogério Cruz pode ter que encarar, no ano que vem, um forte e experiente agrupamento político construído em torno de um nome agregador, de uma mulher, e que traz também forte apelo emocional. Então, se não se trata ainda de um paredão, mero cascalho é que já não é desde a sua origem.


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