Essa tal felicidade, o que ela é para cada um?
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Não há nesse mundão de meu Deus quem não se atire na busca incessante da felicidade plena. Utopia quimérica para alguns, sonho possível para outros e desejo comum a qualquer mortal. Tema de músicas, poesias, histórias, estórias e contos, de uma coisa todos estamos certos: se buscamos a tal felicidade é porque dela conhecemos alguma coisa. E ninguém contesta isso.

Até o mais radical pessimista não segreda que em algum momento se deliciou com um sentimento ou coisa parecida, que do nada passou a ser motivo de sua busca secreta para sua realização pessoal.

Há quem diga que a felicidade nunca está onde a pomos. Outros dizem que ela se garante para quem ganha um salário de R$11 mil acima. Também existem os que a sentem de outro modo, embora não saibam identifica-las nesses momentos especiais.

Momentos? Será que a felicidade se resume a momentos ou pode ser companheira inseparável da nossa rotina? É nesse ponto em que me atrevo a dizer que conheço essa danada como ninguém. E a tenho ao meu dispor 24 horas do dia sempre que desejo a vivenciar na sua mais autentica acepção.

Isso mesmo, sou um cara plenamente feliz desde que comecei a enxergar no meu entorno aquilo que me conforta diante de qualquer agrura ou necessidade. Dinheiro a rodo? Não tenho e meus caraminguás nem sempre duram um mês inteiro. Tanto que, mesmo aposentado não me permito ao luxo de recusar as tarefas que almas generosas de bons amigos me permitem realizar em troca de algumas moedas.

Mas, acostumado com a seca financeira de sempre, não vejo nenhum mal nesse ponto da minha vida. Saúde de ferro? Tenho boa saúde sim, mas não livre das imposições que a idade nos impõe depois de quase um século de existência. A isso também se soma o0s excessos cometidos que resultaram num desarranjo da pressão arterial, nas deficiências da visão e no enfraquecimento muscular. Mas até as dores do dia a dia são velhas companheiras de jornada que não me aborrecem e de quem até sinto falta quando uma ou outra se deixa de manifestar por um ou outro dia.

Então, onde está o motivo dessa minha felicidade inquestionável? Primeiro a descobri em mim mesmo. Um ser humano perfeito na sua forma física e que além de ter todos os sentidos funcionando ainda conta com uma boa dose mediana de inteligência que me permite olhar atento ao que me cerca. E nada me é mais grato e edificante que me sentir aceito socialmente na comunidade onde vivo e gravito. Respeitar o outro e se enxergar nele.

Esse é o diferencial da felicidade verdadeira. Acolher e não separar. Somos todos feitos de uma mesma matéria e temos a mesma essência. Cabotino! Dirão alguns. De mentiroso me acusaram outros, mas ninguém tira de dentro de mim essa conquista que me torna próximo de todos com quem convivo. E não são necessários abraços fortes e sorrisos cordiais.

Bastam leves acenos, um olá despretensioso para que alma cheia de bons sentimentos a tudo acolha como incremente o seu bem estar. Virtuoso, diferente , especial? Como poderia me definir em meio a esse mundo onde o desamor é tão grande a máxima bíblica de que é “maldito o homem que cofia no homem” é praticada ao pé da letra?

Diria que sou quem sou. Apenas alguém que, como já afirmei, aprendeu a olhar ao seu redor e a se ver no meu próximo. Sei dos meus defeitos e tento corrigi-los. Sou falho e imperfeito em quase tudo que faço, mas por isso mesmo sou igual aos meus iguais. E ao enxerga-los assim, sem julgamentos e com verdade, colho amizades e bons sentimentos que tento retransmitir. Esse é, com certeza, o maior legado que a velhice nos permitiu alcançar.


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