As águas no calendário da vida!

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No livro de Gênesis, o início começa com Deus fazendo os céus e a terra, e a primeira coisa que ele cria é a água (Gênesis 1:1-2). No novo testamento, o batismo é frequentemente associado à água, como forma de purificação e renovação espiritual (Mateus 3:11, João 3:5).

Thales de Mileto, filósofo pré-socrático da Grécia antiga, acreditava ser a água o elemento precursor de todas as coisas na natureza, fonte de vida e origem das espécies, de onde os primeiros microorganismos teriam surgido, sendo também, agente de transformações sobre o meio ambiente.

O ser humano, como uma destas espécies, tem em sua composição 66% de água e, sem o meio líquido, não teria condições de reprodução, seja pelo deslocamento dos espermatozoides até o óvulo, para a fecundação, seja no desenvolvimento do feto, em seus nove meses de gestação uterina.

Após o nascimento, dependemos de água para nossa sobrevivência e para o desempenho de inúmeras atividades. Consumimos, em média, 2L/dia para as necessidades do próprio corpo ,e aproximadamente, 200L/pessoa para todas os usos da rotina diária.

E a agricultura? que como atividade de risco, depende das chuvas para o crescimento e desenvolvimento das plantas. A água é utilizada no processo fotossintético, bem como no transporte de nutrientes do sistema radicular até folhas, frutos e sementes. Há espécies vegetais com mais de 90% de água em sua composição como alface e melancia.
Lembrando que as plantas por não se movimentarem como os animais, dependem da diferença de potencial entre o solo e a atmosfera, possibilitando que liberem, pela Transpiração, 99% do líquido precioso absorvido, garantindo que o ciclo hidrológico continue e possa ocorrer o aumento da umidade relativa do ar e posteriormente, a precipitação.

Em 1972, Tom Jobim expressou em sua música “As águas de março” os sentimentos que traduzem as chuvas de verão, as folhas que caem e enchentes que acontecem em partes do Brasil. “São as águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no teu coração”. Promessa esta, que para os agricultores do Nordeste, se traduz no dia 19/03, dia de São José, onde as chuvas nesta data são benções de colheita farta e alívio contra a seca.

O amor é descrito por Guilherme Arantes em seu “Planeta Água”. Afinal, ¾ da Terra são cobertas por esta substância, com a capacidade física de estar em três condições: sólida (gelo), líquida (rios, lagos, oceanos) ou gasosa (vapor d’água). Desde 1981, os versos deste artista remetem à importância da água e à necessidade de preservá-la: “Água que nasce na fonte serena do mundo e que abre um profundo grotão / Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão”.

Em 1934, o código das águas, já se apresentava como um importante instrumento de planejamento e gestão, mas foi em 1997, com a criação de Lei 9433, que a política nacional de recursos hídricos se efetiva no Brasil. O surgimento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH, possibilitou a participação da sociedade nos Comitês de Bacia Hidrográfica.

No dia 20 de março de 2023 foi divulgado o relatório do IPCC reafirmando os problemas associados ao aquecimento global e as alterações climáticas, especialmente no ciclo da água. Cientistas estão incrédulos quanto à capacidade da humanidade de conter o aumento temperatura média do planeta em de 1,5 graus Celsius, comparado as condições pré-industriais. O Relatório organizou décadas de estudos, sendo taxativo ao afirmar que ondas de calor, fome e doenças contagiosas ceifarão milhões de vidas até o fim do século.

Tradicionalmente, no mês de março, dia 22, comemora-se o dia Mundial da Água e a ONU realizou em New York, entre os dias 22 e 24/03/2023 a conferência com o tema “Be the change you want to see in the world (Seja a mudança que você quer ver no mundo). Segundo a ONU, 2,2 bilhões de pessoas não têm acesso à água tratada e 4,2 bilhões às instalações sanitárias adequadas.

Fica evidente o chamado à responsabilidade de cada indivíduo, preservar a essência da vida, para que as lágrimas de Deus não sejam derramadas sobre a espécie humana. Deus e a vida eterna somente ocorrem em presença da água (Apocalipse 22:1-2).


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