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Não sei dizer se há ou não algum registro histórico do nascimento desse marco da comunicação social de Goiânia. Me refiro à Rádio Difusora. Essa mesma do Bairro de Campinas e que, até hoje mantém a tradição de “levar recado” a todo recanto do Estado através de uma interação perfeita entre a emissora e seus ouvintes mais fiéis.

Há poucos anos ainda era possível encontrar nas pequenas cidades do Estado uma rede de alto-falantes colocados em pontos estratégico, de modo que, uma vez ligados podiam ser ouvidos por todo o fato urbano da região. Deste modo a comunidade local se informava sobre os principais acontecimentos; o aniversário de alguém importante, um casamento, achados e perdidos, festas, recados diversos, nascimentos, a hora da missa e principalmente óbitos.

Além desses informes a estrutura de comunicação ainda era usada para veicular músicas – na maioria, sertanejas – quando o dono do serviço conseguia comprar os discos de 78 rotações com a potência vocal de Tonico e Tinoco, Vieira e Vieirinha, Zilo e Zalo, ou de Cascatinha e Inhana.

Mas qual a relação de tudo isso com a Rádio Difusora de Goiânia?

Como lembramos lá no início dessa nossa conversa, a emissora católica de Goiás se consolidou como poderoso agente da comunicação social no Estado por dois aspectos singulares e fundamentais para que ela se transformasse no ícone radiofônico que é hoje.

O primeiro é em razão da sua faixa de frequência – 540 quilohertz- que lhe assegurava, mesmo como uma emissora atuando em AM, ter o seu som navegando numa faixa quase que exclusiva, o que lhe permitia um alcance extraordinário ainda que seu parque de transmissão fosse bem pequeno.

O segundo motivo desse sucesso todo se deve ao seu compromisso de manter intacto a característica do serviço de alto-falantes, permitindo a seus ouvintes usar a programação da emissora para ali veicular seus recados em Goiás e Brasil afora.

Aos poucos, nomes como os de Claudino Silveira, Dalva de Oliveira, Darciso de Souza, Capitão Reizão e outros tantos foram se tornando comuns no dia a dia das pessoas de Goiás, face as informações que eles divulgavam em seus programas:

¨Atenção Fazenda Canarinho, munícipio de Catalão. Manoel Fernandes avisa a sua esposa Tereza Cunha que fez boa viagem. Já fez consulta médica e retorna amanhã”.

“A próxima música Tião Vidal oferece à sua noiva Norma Elisa com muito amor e carinho, em homenagem ao seu aniversário de 21 anos”.

“Carmo José avisa a seus familiares em Varjão, que seu pai, Petronio Pereira operou no Hospital Santa Rosa e está passando bem”.

Quanto a ausência ou não de registro histórico é importante destacar que a Rádio Difusora de Goiânia foi fundada em fins da década de 1950 pelo pecuarista Paulo de Tarso e recebeu o nome de Serviço de Alto-falantes da Rádio Cuiabá.

Só algum tempo depois, adquirida pela Arquidiocese de Goiânia mudou o nome original para Rádio Difusora, onde militei por longos 20 anos. Mas aí, é outra história.

 


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