Etarismo é preconceito e prejudica a saúde mental de quem sofre com a atitude.
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Alguns dias atrás viralizou na internet um vídeo em que três estudantes de uma universidade particular em Bauru (SP) debochavam de uma colega por ser mais velha. Os trechos do vídeo foram os seguintes: “Gente, quiz do dia: como desmatricula uma colega de sala? Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada. Realmente. Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade. Acha que a professora é o Google”.

A primeira pergunta que se faz diante dessa repercussão é a seguinte: haveria alguma limitação máxima de idade para frequentar uma universidade ou qualquer outro nível de ensino? A resposta seria negativa! A educação, o conhecimento, não tem idade. Esse processo é libertador e nunca se esgota. Sem ele jamais evoluiremos como pessoas, ou mesmo conseguiremos contribuir para uma sociedade mais fraterna, pluralista, sem preconceitos, e humana.

Aliás, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos e a nossa própria Constituição Federal garantem à todas as pessoas, independentemente da idade, o direito a educação ao longo de sua vida, e que esse conhecimento deverá ser promovido e incentivado visando o pleno desenvolvimento pessoal, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Mas o vídeo que repercutiu na imprensa também reacendeu uma outra importante discussão sobre o “idadismo” interpessoal, também conhecido como “etarismo”.
Essa expressão foi definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como sendo estereótipos (como pensamos), preconceitos (como nos sentimos), e discriminação (como agimos) direcionadas às pessoas com base na idade que têm; ou seja, aquela postura de categorizar e dividir as pessoas em razão de sua idade (qualquer faixa etária).

Em escala mundial, segundo relatório mais recente da OMS publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU), de cada duas pessoas, uma é idadista contra pessoas mais velhas. O estudo também destacou que o impacto sobre a saúde física e mental de quem é vítima dessa forma de discriminação e preconceito é tão prejudicial quanto aquela que sofre pelo “racismo”, um outro modo de discriminação ou preconceito envolvendo raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Por isso, apesar de as pessoas nem sempre terem a consciência de estar sendo idadistas, essa conduta deve ser combatida por constituir tanto uma violação de direitos humanos quanto um problema de saúde pública.

É preciso, portanto, refletir sobre a forma como pensamos, sentimos e agimos em relação à idade e ao envelhecimento, discutindo o problema, inclusive, em casa com a família, e em sala de aula com alunos e professores, nas escolas e universidades, pois as atividades e intervenções educacionais contribuem não apenas para o desenvolvimento da empatia, como também para o combate aos estereótipos, ao preconceito e à discriminação.

 


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